Friday, April 6, 2007

Egoista por querer

Será cruel sentirmos pena de nós próprios por querermos o que já nos pertenceu?
Será egoísmo o sentimento que nos faz quer um pouco mais?
Será justo deixar uma lágrima cair sempre que a noite não nos deixa adormecer as magoas, ou tão simplesmente nos deixa sonhar e acordar sem que o sonho seja real, ou deixando-nos aperceber que o real é o sonho que queremos esquecer?
Será possível apagar o beijo que nos apagou o fôlego?
Será coerente esquecer o toque que nos tocou a alma?
Será perdoável desistir do abraço que uniu corpos, esperanças e desejos?
Será loucura destruir a lembrança do gosto ou a intensidade da mão forte que cobria todo o corpo com um só gesto?
Será deprimente o sol que brilhou sobre as palavras ou insensatas as gotas de chuva que refrescaram as carícias?

Sim.. Sim a todo este desespero e a toda esta duvida que me consome! Sim porque inutilmente tenho pena de sentir, sinto-me egoísta por querer. Porque é injusta a lágrima que corre quando o real é mais forte que o sonho, quando o beijo persiste em ser recordado e quando o arrepio surge sempre que o toque me vem à memoria.
Sim e sim porque loucamente quero aquele abraço, aquela mão que percorre todo o desejo no imaginário da mente e todo o gesto que contraria a razão. Porque o sol ou a chuva, as palavras ou as carícias são vividas tão intensamente na lembrança quanto no acto a que persiste!
Sim porque sou louca, incoerente, injusta, egoísta, cruel, porque não perdoo e não tolero o querer-te agora que não estás e o sentir agora que já não sentes, ou que dizes não sentir, entre uma palavra de esperança e uma ideia que mata tudo aquilo que conquistamos e que se perdeu na conquista!

Terá sido a conquista que nos matou ou quem sabe o facto de nada ter sido conquistado antes de ti?

1 comment:

Daniel Trigo said...

Egoismo? Na paixão não há egoismo, apenas queremos receber o que damos, com o intuito de não sofrer...não é egoismo, é ser humano, e ter coração!Beijo*